
Depois de um bom tempo trabalhando como massoterapeuta após a passagem pelo Real Parque, volto à sala de aula em oficinas de Teatro.
O Teatro sempre foi o meu alicerce na arte educação. Tenho amor eterno à arte cênica e a ferramenta para uso na Assistência Social é incrivelmente satisfatória e protagoniza as crianças, jovens e adolescentes dentro de suas perspectivas de vida.
Assim que cheguei na ONG Blandina Meirelles, veio a pandemia de Coronavírus - tempos esquisitos e inesquecíveis, que nos trouxe outros olhares e outras atenções.
Vamos de Blandina.


Fiquei por 3 anos e dois meses em Instituto Blandina Meirelles, no bairro do Rio Pequeno, na zona oeste de São Paulo.
Uma ONG com várias crianças em faixas etárias de 6 à 15 anos. no CCA, 08 meses a 4 anos no CEI e 15 a 26 anos No Programa Mundo Jovem.
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CCA - Blandina Meirelles

Fui contratado como oficineiro de teatro em substituição a uma educadora que era um primor na arte cênica e que criou um vínculo incrível com as crianças, as quais sentiam muito a partida dela.
Já entrei como persona comparativa. E isso foi uma situação que me fez rever toda uma didática e uma dinâmica para ação e criar e vincular e fortalecer os vínculos que viráimos criar.
Foi muito difícil. Em duas semanas, a pandemia do Coronavírus tomou conta do mundo e nos fez baixar as portas e a fazer atendimento remoto em aulas on line e gincanas online, objetivando não perder o fio de vínculo criado com as crianças. Mas... Mas eu nem tinha criado vinculo algum e muitas crianças nem me conheciam quando recebiam minhas atividades. Como agir? Como se apresentar? E elas não faziam as atividades atordoadas com dias em em casa. Mas...
Algumas crianças faziam e foi a partir desses poucos que faziam que comecei a criar uma forma de vínculo com eles através da telinha pequena do celular ou computador.
E não é que funcionou?
As aulas online foram muito interessantes. Fui obrigado a me entender nessa nova plataforma de atingir os educandos, Foi difícil mas foi vállida.
Para variar, as crianças mudaram de turma e outras foram entrando e quando elas retomaram presencial virou uma salada mista maluca. A ansiedade e, algumas vezes, as violência que sofriam em casa (trabalhar limpando a casa sob pressão, por exemplo) chegou dando sinais claros.
As crianças vieram ansiosas e sem foco. O sono tomou conta. O cérebro ainda estava lá naquele clima de pandemia e o vírus ainda estava por perto, nos fazendo a ter aulas de máscaras de proteção. Foi um período bem difícil, onde fiz muita atividade mais simples como brincar com eles, objetivando apenas reintegra-los, assim como nós educadores, técnicos e equipe.
Online dei variadas aulas de teatro com jogos e criação de cenas. (Algumas estão no meu canal no Youtube @dimicalazans)
Jogos teatrais, criação de cenas, improvisos, brincadeiras teatrais foram um prato repleto para trazer o teatro para eles.
Com o tempo, foi se estabilizando isso tudo (diminuindo) e, após vários ensaios, criação de cenas, montei A Cinderela do Rio Pequeno, Cenas extraordinárias, Ensaios Abertos até chegarmos ao espetáculo adaptado por mim de Os Saltimbancos, intitulado "Os Saltimbancos - De bicho e louco todo mundo tem um pouco", direção minha com várias linguagens intrínsecas de percussão, hip hop, ballet, boxe e outros conceitos sociais, como respeito aos animais silvestres, aos animais domésticos e a diversidade da floresta que nos remete no urbano. O texto todo foi escrito para as crianças agentes dessa encenação.
Apesar de ser bem doloroso os ensaios, o resultado foi pra lá de válido.
Uni todas as turmas de dois períodos e fizemos um único espetáculo.
A equipe se revezou em figurinos, maquiagem, cenários e preparo dos atores no dia do espetáculo.
Uma ode ao trabalho social com crianças e adolescentes. Uma ode ao trabalho colaborativo, uma ode à equipe se virou em 1000 pessoas. A casa estava cheia com mais de 500 pessoas no Teatro do CEU Butantã-SP.
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